[Pecados e Tragédias] #18 - Prima

EP18 - PRIMA: Ramon tem um romance inacabado com a prima, porém, o ciúme velado de sua mulher, Janete, a levará a fazer o que for preciso para mantê-lo longe desta constante tentação.

Leia abaixo os dois primeiros capítulos:

Ramon e sua prima Jaqueline nasceram no mesmo mês. Desde cedo, portanto, já compartilhavam muitas coisas: os mimos da família, viagens, brinquedos. Eram colocados sempre juntos.

Quando o tempo passou, foi ficando cada vez mais óbvio que eles logo se envolveriam em algum tipo de relação que iria além da familiar.

A família era contra, e comentavam:

- Temos que tomar cuidado. Ramon e Jaqueline andam grudados demais para a idade deles. Este negócio de relacionamento com primos não é coisa certa.

E discutiam como se o futuro dos dois fosse ser decidido em uma conversa entre velhos. Felizmente para o jovem casal, viviam em uma época em que as famílias já não podiam mais controlar os filhos a tal ponto.

Na adolescência, depois dos primeiros beijos, ele inspirava sabedoria para os amigos, com um riso entre dentes:

- Deus criou as primas para que a gente não ficasse com as nossas irmãs.

Todos adoravam e logo se via que, apesar de gostarem muito um do outro, eram desbocados a ponto do quase desrespeito. Jaqueline não deixava por menos:

- Pra não fazer feio pros bonitinhos do colégio, a gente vai treinando com os primos em casa, não é?

E no final do dia sempre estavam nos braços um do outro, com um romantismo quase zero e uma paixão que ia a mil.

Mudança

Foi com muita tristeza, porém, que ele recebeu a notícia de que Jaqueline iria se mudar. Os pais tentavam explicar, mas por burrice ou birra, ele não conseguia compreender:

- Não quero que você vá – dizia o garoto de dezesseis anos, como se fosse um de dez.

Infelizmente, o querer dele de nada valia e a garota foi-se para uma cidade que, pelo nome, parecia ser a milhares e milhares de quilômetros dali, mesmo que somente 2 horas de avião resolvessem a questão da distância.

O tempo avançou mais alguns anos e logo a prima se tornou somente uma boa lembrança na cabeça de Ramon. Sempre que se viam, nas férias, beijavam-se e davam um passo adiante na relação, explorando novas técnicas e desenvolvendo suas habilidades. A rotina era claramente a espera por estas visitas que, com o tempo, se tornavam mais e mais esparsas.

Na faculdade conheceu seu melhor amigo, Petruccio, e quando começaram a se dedicar à vida de mulherengo, aos poucos a prima ia caindo no esquecimento. Quando se formaram, ele conheceu uma moça que fez todos os seus conceitos serem revistos.

O nome dela era Janete e era sem dúvida uma das garotas mais belas e atraentes que ele já viu em toda a sua vida. Supôs que deixara destroçados vários corações de jovens desavisados que ingenuamente cruzavam seu caminho. E Ramon não estava errado.

Conheceu-a em uma boate. Seus olhos cor de esmeralda pareciam hipnotizadores, mas era o corpo cheio de carne sob uma pele morena como o pecado que o deixava mais atraído.

Ele a chamou para dançar e ela não recusou. Ria de se acabar do rapazote desbocado que tentava impressionar, sem saber que não era mais necessário.

Beijaram-se antes que a noite terminasse e trocaram telefones e promessas de se verem novamente. Neste momento, Jaqueline nem ao menos passava pela cabeça de Ramon.

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