[Seja escritor] #12 - Especial NaNoWriMo - A preparação

Faltando 29 dias para o Mês Nacional de Escrever Romances começam a surgir algumas preocupações: como desenvolver a história em tão pouco tempo?

Antes de mais nada, leia os outros artigos sobre o NaNoWriMo para ficar por dentro do assunto: Participe do NaNoWriMo 2013 com o Novas Memórias e [Seja escritor] #11 - Especial NaNoWriMo: Primeiros passos.
A questão principal que deve ser levada em consideração é: o mês de novembro deverá ser usado somente para escrever a história, dessa forma você garante máxima eficiência.

Até chegar o dia 1 de novembro, você já deve estar preparado para sentar e escrever, sem hesitar.

MAS O QUE ISSO SIGNIFICA DE FATO?

Todo história, exige determinado tipo de pesquisa, planejamento e muita preparação. É comum, entretanto, que todas essas informações sejam esquematizadas na cabeça do autor, que quando o transfere para o papel, consegue acessar essas informações na sua própria mente. Porém, quando o volume é grande, isso se torna cada vez mais difícil.

E quando é necessário valorizar o tempo que passamos escrevendo, torna-se ainda mais perigoso usar somente a sua mente: brancos acontecem, e quando forçamos nossa cabeça à exaustão eles se tornam ainda mais frequentes.

Então, o melhor a fazer é deixar tudo o que você vai precisar para o livro previamente esquematizado, para que você possa acessar quando for necessário. 

QUE TIPO DE INFORMAÇÕES SÃO ESSAS?

1.    A TRAMA

A primeira de todas, e talvez a mais importante, é a trama. O ideal é ter toda a trama já bem delineada, para que, na hora de escrever você simplesmente precise narrar aquilo que aconteceu e não pensar no que vai acontecer.

Eu costumo fazer isso através de tópicos, na ordem do livro e com todas as tramas secundárias já interconectadas, mas somente porque, pra mim, é mais fácil pensar deste jeito. 

Você precisa saber como cada ação impacta na seguinte e como os acontecimentos se conectam para formar o todo. Com isso definido, você consegue detalhar tudo de maneira mais assertiva.
Também é neste momento que é feita a definição de quais pesquisas funcionais, que servem de base para a trama, serão necessárias. Se em algum momento, um personagem X decide processar o personagem Y por algum motivo Z, fica claro que você precisará ter um mínimo conhecimento de direito, legislação e de todo o sistema jurídico para descrever este fato de maneira mais fiel possível à realidade.
Imagine se um profissional da área lê a sua obra e pensa: “isso daqui é um absurdo. Ele deveria  ter feito isso e isso e aquilo”. A obra perde a credibilidade logo de cara.
Faça uma listinha de tudo o que você precisa aprender para fazer o livro ser o mais verossímil possível. Voltaremos nela daqui a pouco

2.    OS PERSONAGENS

A partir do momento que você tem toda a trama elaborada e conectada, está na hora de investir nos personagens. Neste ponto, você obviamente já terá todos os personagens criados na sua cabeça, com nome e até um pouco da personalidade. Sem isso, não há trama.
Porém, também é necessário dar vida própria para eles, para consolidar mais os seus valores e dar verossimilhança às suas ações.
Eu gosto de pegar cada um deles e definir um nome completo, sua história de vida, história da família, data de nascimento, signos, perfil no eneagrama, melhores amigos, possíveis problemas de saúde físicos ou psicológicos que ele porventura tenha, histórico escolar, filosofia de vida, valores, propósito e por aí vai.
A maioria dessas informações provavelmente nunca será usada, porém, servirão de base para dar mais consistências às ações. Tudo terá um por que, mesmo que esse por que não seja completamente explicado ao leitor.
Alguns desses pontos não são claros nem mesmo para o próprio personagem, que terá de descobrir ou desenvolver os pontos ao longo de sua vida. Há personagens meus que tem transtornos de personalidade que jamais serão diagnosticados. Ou seja, ele morrerá sem saber que tem o transtorno, mesmo este tendo influenciado todas as suas ações ao longo da vida. O mesmo se aplica ao leitor.
De novo, essas são as informações que, para mim, facilitam no entendimento completo do personagem, mas cada autor deve se apegar àquilo que mais lhe é conveniente ou de conhecimento.

Você pode ler mais sobre isso no artigo [Seja escritor] #9 - O eneagrama na construção de personagens

3.    AS LOCAÇÕES

Por onde os personagens vão passar? Quais países, estados, cidades, casas ou ruas eles visitarão? Ter bem estruturados cada um destes ambientes vai te permitir uma descrição muito mais detalhada e fiel à cena.
Li uma vez em algum lugar que erros de continuidade são até minimamente aceitáveis em filmes, mas em livro, são imperdoáveis. Como isso acontece?
Bem, imagine que na casa do seu personagem há uma estante de livros. Em um trecho, você deixa a entender que essa estante fica próxima à mesa, mas em outro, lá na frente, parece que está perto da janela.
É neste momento que o escritor se torna arquiteto, designer de interiores, engenheiro, urbanista ou o que mais for necessário para criar cenários reais. O ideal seria desenhar em 3D todos estes ambientes, porém, como esta é uma capacidade que está acima da maioria das pessoas (inclusive da minha), descrever detalhadamente cada um destes locais, já é suficiente. Dependendo da complexidade, eu desenho as casas em papel mesmo (em 2D, é claro)
Mais uma vez, muitos destes detalhes podem jamais ser sequer mencionados no livro, mas, vão te ajudar na hora de visualizar a cena e acabam impactando indiretamente em outras partes do livro.

4.    AS REFERÊNCIAS

Imagine que sua história se passa em Nova York em 2001. Se sua história tiver um pingo de conexão com a realidade, é totalmente impossível ignorar os atentados terroristas ao World Trade Center. Mesmo que eles nada tenham a ver com a sua história, o evento trouxe um impacto para toda a vida na cidade e, de alguma forma, impactariam o seu personagem se ele vivesse de fato por ali.
Então, é importante buscar entender quais pontos da realidade influenciaram o seu personagem e como. Esta dica só vale para aqueles que pretendem escrever histórias que se passam no mundo real. Para a literatura fantástica, ficção científica ou mesmo aquelas que se passam em cidades ou países fictícios, o autor cria suas próprias referências.

5.    AS PESQUISAS FUNCIONAIS

Lembra da listinha que você fez enquanto construía a trama? Agora é a hora de trabalhar em cima dela. Este ponto até pode parecer uma coisa pequena ou um excesso de perfeccionismo, mas dependendo do tema, pode mudar completamente a história.
Quase sempre, as histórias surgem de um ‘click’ que faz com que, de repente, você tenha um livro na cabeça. Porém, é possível que toda a sua trama esteja apoiada em uma premissa absurda, que só será percebida, quando você começar a entender mais do assunto, seja ele qual for.
Por isso, depois das pesquisas funcionais, é necessário, voltar lá na trama e checar tudo de novo, pra ver se está tudo fazendo o seu devido sentido. Mudar a trama, pode mudar personagens, que podem mudar as locações, que podem mudar as referências, que acabam exigindo novas pesquisas funcionais.
Então o processo se repete algumas vezes até que tudo esteja correto, bem amarrado e você já se sinta confiante para simplesmente começar a escrever.




Como digo sempre, nada disso é uma regra. Você pode muito bem pegar um caderno agora esó escrever é importante que tudo já esteja pensado.

escrever o livro inteiro sem preparação nenhuma e ainda assim ele ser perfeito. Porém, para que durante o NaNoWriMo possamos estar 100% focados em escrever e

Só temos 1 mês até o início do NaNoWriMo, não deixe para estruturar estes pontos no último dia. Comece hoje mesmo a elaborar e conectar a sua trama. Vamos colocar uma meta? 
Que tal se já tivermos todos estes pontos definidos até o dia 24/10?
São 3 semanas para deixar tudo pronto e, na última, faremos uma revisão. O que acham?


Quer participar junto com o Novas Memórias? Inscreva-se no formulário abaixo!