[Pecados e Tragédias] #5 - Amor de chocolate (Parte FINAL)



Leia a parte 1 em [Pecados e Tragédias] #5 - Amor de chocolate (Parte 1) 
Leia a parte 2 em [Pecados e Tragédias] #5 - Amor de chocolate (Parte 2) 


Pressão

Desse dia em diante, as coisas começaram a esquentar de verdade na casa do casal fora de forma.
- Você está me escondendo chocolate, Gustavo – Acusava ela.
- Está louca, querida? Já disse que não era nada, somente papéis do trabalho. Coisa sem importância.
Eloah sabia que o namorado mentia e queria de qualquer forma abrir aquela gaveta e desmascará-lo.
- Não preciso disso – Disse ela, tentando usar emoção como argumento – Vou agora mesmo comprar meus próprios chocolates, não preciso dos seus.
Mas no caminho para a porta ouvia as palavras que sempre a faziam recuar:
- Você me prometeu que não faria isso.
Ela chorava e se enfiava no quarto.
Chegou até a apelar para a mãe:
- Esconder chocolates da namorada é um crime sério. Dos piores que existem. O que faço, mamãe?
Com a sabedoria da idade, ela mudou o rumo da conversa:
- Minha filha, esqueça essa história de chocolate. Ele é um bom homem e sabe o que faz. Lembre-se do que você prometeu.
Eloah queria a morte e amaldiçoou o dia em que fez a dita promessa.
E tanto fez pressão que um dia Gustavo se rendeu:
- Ah, não aguento mais – Gritou ele – Tome, aqui está a chave da gaveta. Veja você mesmo.
Pulando de alegria, Eloah foi com mil expectativas, pensando em todos os tipos diferentes de doces que poderia haver ali.
Porém, ao abrir o compartimento um balde de água fria lavou seus sonhos infantis: só havia papéis e nenhum deles comestível.
A mulher nada disse ou fez. Simplesmente se dirigiu lentamente para o quarto, deitou em sua cama e começou a chorar.
Chorou por três dias.

O chocolate

- Vamos querida – Pelejava Gustavo – Saia da cama e pare de chorar, por favor.
- Onde você escondeu o meu chocolate? – Perguntava, em soluços.
- Não há chocolate algum, meu bem. Eu te disse.
- Você está mentindo. Eu te vi esconder na gaveta – Acusava aos prantos, enfiando a cara redonda no travesseiro para abafar o som.
Gustavo não sabia mais o que fazer.
- Tudo bem Eloah, você venceu. Vou te mostrar o que escondi.
Os olhos verdes saltaram das órbitas como coelhos e ela se levantou em um pulo rápido demais para alguém de seu peso.
Seu rosto era pura ansiedade e desejo.
- Me mostre, onde está...
E então ele foi ao armário recolheu uma pequena caixinha e se posicionou à sua frente.
- O que eu escondia era isso.
Ajoelhou-se a abriu a caixinha bem à sua frente, mostrando um reluzente anel de noivado.
Antes que ele pudesse falar qualquer coisa, Eloah já estava boquiaberta e com o rosto coberto por lágrimas novamente,
- Eu não acredito – Disse ela – Finalmente...
E com cuidado, tirou o anel da caixinha, olhou com carinho e sussurrou:
- Aah, obrigado...
Então, enfiou o anel na boca e o engoliu como se fosse o último pedaço de chocolate da terra.

Fim

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