[Entrevistas] #1 - Tibor Moricz

Tibor Moricz - Blog - Skoob

Para estrear nossa coluna de entrevistas, vamos conversar com Tibor Moricz. Filho de húngaros, o paulistano é publicitário e escritor. 
Concorreu e foi premiado em vários concursos literários:
1º lugar no Prêmio Braulio Tavares 2008 com o conto Filamentos Iridescentes como numa chuva de Neon e indicação especial do júri no XI Concurso Nacional de Contos de Araraquara – Prêmio Ignácio de Loyola Brandão.


Ele respondeu a algumas perguntas sobre sua carreira, as obras do gênero de Ficção científica e sobre a entrada dos e-books no mercado brasileiro. Além disso, nos deu uma pitadinha de seu novo livro, O homem fragmentado.

Obras:
O homem fragmentado (2013 - Terracota Editora) Em breve

Participou das coletâneas 




1. Como foi a sua jornada como escritor do dia em que decidiu escrever o primeiro livro até onde está hoje? Quais foram os marcos da sua carreira? Quais foram as principais dificuldades que teve de superar?


Meu primeiro livro está longe de ser o primeiro publicado. Antes disso me embarafustei em alguns projetos, coisas que hoje mantenho distantes, embora guardadas. Obras completas que serviram principalmente para a minha própria lapidação.
Tive muita sorte por conhecer as pessoas certas nos lugares certos. Uma sorte que poucos escritores iniciantes têm. Assim, vi minha trajetória ser encurtada, perdi pouco tempo enviando originais para as editoras e recebendo recusas. A primeira publicação abriu espaço para as demais e as coisas ficaram mais fáceis.
Não consigo enxergar bem onde estão os grandes marcos na minha carreira. Eu arriscaria dizer que eles ainda não surgiram. Estão a caminho na medida em que continuo trabalhando e evoluindo como escritor.
Minhas dificuldades foram comigo mesmo. Não as tive no mercado. Aprender a escrever, cuidados com a forma, estilo e técnicas. Tive um excelente professor: Saint-Clair Stockler. Ele me ensinou muito, foi paciente, elogiou e criticou, deu piparotes doloridos. Minhas dificuldades ainda são as mesmas, embora tenha evoluído bastante. Escrever é um aprendizado constante.

2. No seu blog você faz uma crítica aos livros brasileiros do gênero Fantasia em comparação aos de Ficção Científica. Ao quê você atribui o boom de livros de fantasia nacionais? O que você acha que falta para o gênero sci-fi vingar e se popularizar no Brasil tanto quantos os de fantasia?


Muito difícil a FC competir com a Fantasia. Enquanto um busca (de forma geral) um público mais seleto, mais especializado, mais cientificamente instruído, o outro lida basicamente com o público adolescente, é mais lúdico. Tolkien, C. S. Lewis, Philip Pullman, J. K. Rowling e outros autores estrangeiros deram ao gênero uma grande visibilidade. Para a FC alcançar o mesmo nível de aceitação seria necessário que um autor nacional conseguisse emplacar um Best-Seller. Ver a obra transcrita para o cinema também abriria muitas portas. Por enquanto é um gênero de gueto, voltado para uma minoria exigente.

 3. E quais você considera serem os autores nacionais essenciais para quem quer ler ficção científica?
Temos excelente autores, novos e veteranos. Gerson Lodi-Ribeiro, Carlos Orsi, Roberto de Sousa Causo, Braulio Tavares, André Carneiro, Cirilo Lemos, Alliah, Flávio Medeiros, Octavio Aragão...
São todos essenciais já que não existe apenas um estilo, uma vertente, um sub-gênero. Cada qual imprime sua própria marca às suas histórias e todos juntos constroem o panorama atual de nossa FC.

 4. Recentemente você publicou a capa do seu novo livro, “O homem fragmentado” que será publicado pela editora Terracota. Conte-nos mais sobre o que podemos esperar deste seu novo romance.
O homem fragmentado é uma obra que desconstrói todas as nossas verdades. Que coloca em xeque quaisquer perguntas a respeito de nós mesmos, que levanta o véu de mentiras que nos cerca. Trata-se de uma obra de FC que aborda realidades alternativas, desconsidera fé e religião. Que conduz o protagonista em rumo de descobertas desconcertantes e enlouquecedoras.

5. Você contribuiu com várias antologias de contos. Como conseguiu a participação neles e qual foi a importância disso para a sua carreira?
Antes de publicar meu primeiro conto numa coletânea, organizei a Imaginários volumes 1 e 2 (Editora Draco) junto a Saint-Clair Stockler e Eric Novello.
Depois, recebi alguns convites e fui selecionado em algumas submissões. As duas formas são gratificantes. Na primeira você sente sua popularidade, na segunda, seu talento.
Escrever contos deveria ser a etapa primeira de qualquer autor com pretensões profissionais. Ela burila, lapida. Histórias curtas exigem “punch”, precisam ser impactantes, precisam arrancar o leitor de sua zona de conforto. Quando você consegue isso, quando já sente mais domínio sobre a escrita, então se arrisca em narrativas mais longas.
Aparentemente paradoxal que eu tenha publicado primeiro um romance antes mesmo do meu primeiro conto. Mas não houve contramão nessa história. Tenho me arriscado com escritos desde a adolescência. Cheguei a ganhar algumas menções honrosas na juventude com alguns contos. Assim, os contos antecederam meu romance.

6. Quais são seus planos para 2014? Pretende lançar mais algum livro? Pode adiantar alguma coisa?
Tenho um original inédito pronto para publicação em 2014. Uma história que conta as misérias de um grupo de mineradores num inóspito planeta distante, os perigos que correm com os habitantes locais, os aguardados conflitos entre eles mesmos e inesperadas reviravoltas. Prefiro guardar o título do livro por enquanto, mas pretendo fechar com uma editora até o final do ano, quando então farei uma divulgação maior.

7. Com a entrada da Amazon no Brasil, os e-books estão se tornando cada vez mais populares, porém, ainda encontram certa resistência em nosso país. O que você acha que falta para o mercado brasileiro absorver esta tendência?
Essencialmente tempo.
Trata-se de uma inovação necessária e esperada. O progresso é inevitável. Mas não creio que os livros em papel deixem de existir, senão muito, muito lá pra frente. Ebooks são confortáveis, não pesam nada, são mais baratos (pelo menos deveriam ser, mas tem livrarias por aí cobrando por eles o mesmo preço que pelos livros físicos)... tem tudo para se popularizar.

8. E para aqueles que querem seguir na carreira de escritor, que mensagem você deixa para eles?
Paciência. Persistência. Teimosia.
Ler. Muito. Sem parar. Todos os gêneros.
Escrever e escrever. Olho nas críticas, quase sempre procedentes.
Escrever e reler. Reescrever, cortar, enxugar.
Quando achar que já cortou demais é porque ainda tem gorduras pra
Eliminar.
O mais importante: preparem-se para o fracasso. As chances de ele sobrevir são grandes.
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