[Minhas Criações] #33 - A vingança do porquinho feio

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Era uma vez um porquinho feio que não tinha amigos.
Sempre fora diferente, tinha gostos próprios,
e por isso era tão rejeitado pelos demais.
Foi recusado pela mãe quando ainda era leitão.
Por causa de tudo e de todos,
o pobre suíno andava olhando para baixo.
Reconhecia seu sub-lugar na sociedade.
Sua auto-estima era baixíssima.
Em meio a tudo isso, o pobre porco cresceu.
Cresceu e se tornou um adolescente.
As espinhas tomavam conta de sua cara,
os hormônios rugiam,
sentimentos nunca antes sentidos
começaram a aparecer.
Mas a ignorância também continuara,
e no ensino médio isso foi muito maior.
O porquinho feio apanhava quase todos os dias,
quando não era assaltado,
ou simplesmente humilhado perante os demais.
Nada disso parecia importante a ele,
agora que recebera o convite de aniversário
de sua platônica amada Pônei,
linda e desejada por todos.
Estava confiante de que as coisas mudariam dali pra frente.
Não mudaram. Pioraram.
Era um truque.
Ponei e seus amigos deixaram o Porquinho feio de fora da festa,
na chuva forte, para voltar sozinho e humilhado para casa.
Enquanto voltava , um ódio se formou.
A chuva o deixava enxarcado e com frio, mas ele não se importava,
a chama ardente do desejo de vingança queimava em seu peito,
os hormônios da adolescência pulavam de excitação,
alguma coisa estava acontecendo dentro dele,
e só o que ele sabia dizer é que isso era mal,
e faria pior com todos que ele odiava.
Passou a noite tremendo de frio.
A chuva o condenara a carrasco.
Estava gripado.
E espirrou perto de todos que ele conhecia.
E todos que ele conhecia, ficaram gripados.
E todos que ele conhecia, sentiram dor.
E todos que ele conhecia, morreram.
E ele sentiu-se feliz.
Pela primeira vez na vida, sentiu-se livre.
Espirrou pela última vez.
E morreu.
Sozinho.
Gripado.
Feliz.

A gripe suína mata!
Não irrite o Porquinho, ele pode se vingar!

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