[Entrevista] #6 - Tuka Vilhena

Hoje a entrevistada é a Tuka Vilhena, que recentemente publicou o livro "Correntes do passado".


"Recordo de minha infância, quando papai nos lia todas as noites uma história ou um trecho de um livro. A paixão pela leitura somente foi aumentando e, enquanto minhas irmãs pediam bonecas de presente de Natal, eu pedia livros. Lia qualquer coisa que aparecia na frente, até que descobri as enciclopédias, daí começou minha segunda paixão, a História...
Fui atrás de meu sonho e aos 17 anos entrei na faculdade de História. Hoje sou viúva e tenho dois filhos maravilhosos. A vida nunca é tão fácil e muitas vezes o que me dava forças a continuar eram as leituras dos meus amados romances históricos. Era como uma válvula de escape. Em 2012, fiz várias amizades virtuais e surgiu uma brincadeira de uma ajudar a outra a colocar no papel as ideias insanas que cada uma tinha. Foi então que comecei a escrever meu primeiro romance, que hoje tenho orgulho de ver impresso: Correntes do Passado."



1.    Como foi a sua jornada como escritora do dia em que decidiu escrever seu livro até este momento da publicação do primeiro livro?

    Tudo começou em março de 2012, um blog da internet lançou um concurso de contos e resolvi começar a escrever, por brincadeira. Gostei da experiência e em abril daquele ano, tive a ideia da trama de Correntes do Passado e comecei a escrever a história, sempre incentivada por minhas amigas virtuais Sandra Evaristo (Eva Lopes) e Adriana Reis (Nina Reis), que estavam na mesma situação. Juntas montamos reuniões semanais na internet e comentávamos nosso amor pelos livros e por nossas histórias. Cada uma apoiando a outra, incentivando mesmo e hoje até tenmos nosso próprio blog, o Letrar Insanas - http://www.insanasletras.blogspot.com.br/
    Em seis meses havia terminado o romance e já estava começando a escrever o segundo livro. No entanto, não tinha pretensão nenhuma de publicar as histórias, até que em julho de 2013, com o segundo livro já pronto e o terceiro na metade, depois de alguns amigos lerem minhas histórias e criticarem positivamente, resolvi entrar em contato com uma editora e conhecer o processo de publicação. Fui muito bem atendida pelo Nelson Brudeki da Editora Highlands e o resultado está ai -  Correntes do Passado.


2.    Das dificuldades que teve o que você tira de maior aprendizado em todo este processo?

    Tenho dois empregos, sou professora de história e quando não estou dando aulas, estou no Atelier de Artes Alice Vilhena, onde ajudo minha irmã, que é artista plástica, a administrar a escola de artes. Antes de começar a escrever, reclamava que não tinha tempo para muita coisa e estava sempre muito irritada, estressada mesmo com a vida e seus problemas.
    Escrever foi mágico... Não foi somente como um mundo novo aparecendo em minha frente. As palavras saem com facilidade, as cenas são tão vívidas, que muitas vezes levam consigo toda o cansaço do dia a dia. Pensar nas tramas, nos sofrimentos, nos amores de cada personagem, do porquê de cada um agir daquela maneira e especialmente nas possíveis soluções para os problemas, me fez não somente ver, mas viver a vida de cada um deles. Por incrível que pareça, minha vida real, a da Tuka Vilhena, ao invés de ficar mais agitada, foi se acalmando, pois passei a resolver os conflitos com maior facilidade.


3.    Fale mais sobre a sua obra “Correntes do passado”. O que os leitores podem esperar dele?
    Eu vejo o livro não somente como um romance histórico, que se passa no Texas em 1885. Fiz muita
    Correntes do Passado é a história do Joshua, um bandido cruel e de Esther, uma moça simples da fazenda, que vive com os avós. Ali, os leitores irão encontrar, além dos dramas e desencontros que acontecem entre os dois, assaltos a banco, bandidos e xerife em perseguições e tiroteios, incêndio, dramas até mesmo um julgamento.

4.    E de onde veio a inspiração para escrever este livro? Haverá sequências ou prequelas?
   
    Foi de repente, uma noite, a trama principal apareceu na minha cabeça, tudo pronto. Sabia como iniciar a como iria terminar e tudo com uma clareza imensa. Somente não tinha ideia ainda de onde se passaria a história e em que época. Logo cheguei a decisão de ser nos Estados Unidos no final do século XIX e pelo enredo, queria um estado que participou da Guerra da Secessão pelo lado dos Confederados, necessitava de um estado que lutou pela manutenção da escravidão... Cheguei ao Texas...
    Pesquisei na internet, procurando um rio caudaloso, que tivesse corredeiras, florestas nas margens e escarpados e encontrei o Llano, que naveguei pelo Google maps e era exatamente como eu havia imaginado no início. Quanto mais pesquisava, mais verossímil me parecia a história e ao escrevê-la, fui acrescentando os detalhes necessários, mas como já disse antes, toda a trajetória dos personagens principais já estava pronta.
    O que eu não contava, foi com o xerife Glenn Murrin... Este homem me pegou de surpresa. Cada vez que ele aparecia e tomava uma atitude ou falava uma frase, eu me questionava: Porque ele pensa assim? Porque falou isto? Qual a história de vida dele? Aos poucos comecei a conhecer mais a este outro personagem e quando dei por mim, já estava feita a trama do próximo livro: Armadilhas do Destino, que irá se passar na mesma região, mas em 1889. O mesmo aconteceu com o médico que aparece neste segundo livro, o doutor Nathaniel Spencer e necessitei escrever o terceiro, que terá o título de Sombras do Tempo.
    Cada livro pode ser lido de forma independente, sem prejuízo do entendimento das tramas e o mais interessante é que um pequeno detalhe, que passa despercebido pelo leitor, dá a ligação entre os três.


5.    Quais são seus planos para 2014? Pretende lançar mais algum livro? Pode adiantar alguma coisa?
    Armadilhas do Destino já está em processo de revisão na editora Highlands e deve ser publicado entre abril e maio de 2014. Sombras do Tempo, necessito terminar de escrever, o que pretendo fazer até o final de 2013, e pela minha previsão deve ser lançado no final de 2014.
    Minha mente insana, já está me criticando por demorar tanto a escrever, pois já tenho mais duas tramas em épocas diferentes, para as quais necessito fazer maiores pesquisas e leituras a fim de situar corretamente a data e o local onde irão se passar as histórias. Mas posso adiantar que uma será na época medieval, ou na Inglaterra ou na Escócia e a outra entre 1805 e 1815, época das guerras napoleônicas.


6.    O que faz um livro ganhar o seu conceito máximo de apreciação? Quais são os aspectos que você mais considera e que mais te empolgam em um livro?

     Leio muito, desde criança. Adoro a história e viajar ao passado pelas páginas de um livro, seja um romance ou não, é apaixonante. Conhecer como as pessoas viviam, comparar os modos de vida e os pensamentos de cada época, imaginar o quão minha vida hoje é diferente, como por exemplo, do que foi a da Esther... Adoro.
    Quando pego um livro, sou detalhista, quero que além de que a narrativa esteja bem resolvida, que os detalhes sejam precisos. Fico chateada quando pego um texto em que a história se passa anterior ao século XXI e o autor não é fiel ao modo de vida da época retratada. Detesto quando chego ao final do livro e o autor deixou tramas a serem resolvidas, quero saber de tudo...


7.    Com a entrada da Amazon no Brasil, os e-books estão se tornando cada vez mais populares, porém, ainda encontram certa resistência em nosso país. O que você acha que falta para o mercado brasileiro absorver esta tendência?
   
    Eu vejo alguns problemas diferentes com relação a este assunto. Sabemos que em nosso país, muitas pessoas não possuem o hábito da leitura, e por outro lado, as que possuem, leem muito. O problema com os ebooks, em minha opinião é que além de muitas pessoas não gostarem de usar o livro virtual, outras  não possuem o equipamento (tablet, celular ou PC) ou não saberem como usar os aplicativos para este tipo de leitura. Isto aliado ao alto preço, ainda cobrado pelas editoras, faz com que não haja um crescimento exponencial deste mercado, como já ocorre em outros países.
   

8.    De acordo com a Internation Publishers Association, o mercado editorial brasileiro está entre os 10 maiores do mundo, a frente de países como Índia, Canadá e Rússia. Entretanto, o volume de novos títulos por milhão de habitante é um dos menores do ranking (cerca de 285). Para você o que falta para que o Brasil de fato seja consagrado como um país de bons leitores e de bons autores?
   
    Acredito que o Brasil possui sim excelentes autores e leitores. É só andar na rua, nos shoppings, nas escolas, que sempre nos deparamos com alguma pessoa lendo um livro. No entanto, vejo vários problemas neste assunto.
    Um deles é a falta de incentivo para as crianças se apaixonarem pelo universo literário, seja por parte da família ou mesmo pela escola. Como professora, vejo alunos que começam a se interessar em ler simplesmente por um comentário de um professor, sobre determinado livro.
    Outro problema é o preconceito existente em relação aos autores nacionais, aliás o brasileiro tem esta concepção de que tudo o que é importado, é melhor do que o feito em nosso país. E assim é com os livros... É impressionante, mas até mesmo antes de publicar Correntes do Passado, algumas pessoas sabendo que era um romance histórico, que se passa no Texas em 1885, orientaram-me a colocar um pseudônimo americano, pois assim teria uma vendagem maior por causa desta característica do mercado leitor do Brasil.
    Mas o que acredito ser um verdadeiro entrava é com relação às editoras, que em sua maioria, cobram preços absurdos dos escritores e os fazem comprar um volume de livros muito grande, sem dar o devido respaldo em propagandas e vendas. Ainda bem que já estamos modificando esta característica, e alguns editores estão a procura de novos talentos, sem obrigar o autor a comprar os livros de sua editora.

9.    E para aqueles que querem seguir na carreira de escritor, que mensagem você deixa para eles?

    Nunca desista, pode demorar para que seu sonho se realize, mas nunca desista. No dia do lançamento de Correntes do Passado, um fato interessante ocorreu. Um amigo que eu não encontrava há 27 anos, foi me prestigiar, e ele me recordou que desde aquele tempo eu já tinha este sonho de publicar um livro. Particularmente, não me lembrava deste fato, pois a vida nos dá prioridades, como família, filhos, carreira, que momentaneamente nos fazem esquecer algum outro assunto, mas um dia, haverá a hora certa e vai acontecer, seu sonho será realizado, é só não desistir...

pesquisa sobre aquela época e a região onde se passariam os eventos e posso afirmar que apesar do nome da cidade – Cold Water – ser fictício, tudo foi baseado realmente em como era a realidade.

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