[Pecados e Tragédias] #7 - Amigas, Amigas... (Parte Final)
Leia a parte 1 em: [Pecados e Tragédias] #7 - Amigas, Amigas... (Parte 1)
Leia a parte 2 em [Pecados e Tragédias] #7 - Amigas, Amigas... (Parte 2)
O retorno
Dois anos se passaram e as pessoas seguiram suas
vidas. Gisele viveu aquele tempo todo sem contato algum com o mundo, vivendo
daquilo que plantava e com uma rotina de meditação intensa.
Evoluiu muito espiritualmente e, ao final de todo
aquele tempo, só chegou à conclusão de que o que tinha que acontecer aconteceu,
e que ela deveria tirar o melhor do que quer que fosse.
Alcançara finalmente a paz que tanto buscava e,
quando voltou para o Brasil, foi com a certeza de que buscaria aquilo que a faria
feliz de maneira mais plena e intensa.
Sua família foi busca-la no aeroporto, acompanhadas
de Laura e Cissa.
- Quanta saudade – Disseram as três com lágrimas nos
olhos.
Laura comentava:
- Você está tão diferente. Vai nos contar tudo o que
fez lá.
- Contarei sim, com toda certeza – Respondia Gisele
serenamente.
Ela queria muito passar o dia narrando para todos
cada um dos incríveis momentos de autodescoberta que vivera durante aquele ano.
Experiências que jamais fariam sentido na vida daquelas pessoas tão envolvidas com
coisas pequenas. Entretanto, estava cansada da viagem e pediu um tempo para se
reacomodar em casa, antes de compartilharem os acontecimentos de suas vidas.
Na verdade, essa foi só uma desculpa para se
encontrar novamente com Juan. Ela precisava vê-lo. Precisava saber se estava
bem. Naquele mesmo dia, mais tarde já estavam frente a frente como nos velhos
tempos. Gisele imediatamente percebeu o anel no dedo anelar de Juan.
Don Juan
Ela não sabia o que dizer. Por isso, fingiu não ter
visto nada e começaram a falar de suas vidas. Quando a conversa migrou para
‘planos para o futuro’, não foi mais possível evitar:
- Então você vai casar?
Juan parecia triste. Confirmou sem emitir sons.
- Com quem?
A notícia bombástica então foi finalmente revelada.
- Com Laura!
Os olhos de Gisele se arregalaram e ela não pode
deixar de sentir um frio na espinha que a deixou abalada. Seria possível?
Ele então completou:
- Você foi a única pessoa por quem eu me apaixonei de
verdade em toda essa vida. A única por quem eu abriria mão de tudo sem
pestanejar. Pela primeira vez eu acreditei em amor de verdade. Mas você me
abandonou, mesmo com tudo o que havíamos vivido. Julgou-me pelo meu passado e,
naquele momento, eu entendi que nada que eu fizesse mudaria o que você pensava
de mim, por que o passado nunca muda.
Contra isso, Gisele não tinha argumentos. No dia
seguinte ela foi direto questionar sua velha amiga:
- É verdade que você vai casar com Juan? – Perguntou
à outra, sem demonstrar raiva ou qualquer sentimento negativo.
Laura se assustou, mas logo em seguida assentiu:
- Vou.
O sentimento que prevalecia no coração de Gisele
naquele momento era ‘dúvida’:
- Mas... mas... – Tartamudeou, tal o seu choque.
Respirou fundo e então perguntou aquilo que a
afligia:
- Não era você quem dizia que ele não prestava, que
ele era de todas e nunca de uma só, que Juan só servia para machucar mulheres e
dezenas de outras coisas do tipo?
Laura então argumentou:
- Se eu soubesse que ele era tão bom, não teria
falado tão mal. Me desculpe.
Gisele sorriu.
O dia do casamento chegou e no momento em que ela os
viu juntos, no altar, a mulher percebeu claramente que os olhos daquele homem
não eram mais os do Juan apaixonado que ela conhecera, mas do Don Juan de outrora.
E identificou, num relance, flashes de infelicidade,
traição, mentiras e sofrimento. Sentiu pena da amiga, mas era óbvio que não
diria nada. Só o que pôde fazer foi baixar a cabeça e comentar para si mesmo:
- A vida é mesmo muito... trágica!
FIM
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