[Pecados e Tragédias] #6 - Homem de palavra (Parte 2)


Leia a parte 1 em [Pecados e Tragédias] #6 - Homem de palavra (Parte 1) 

Viúvo desconfiado

Não demorou até que essas fofocas chegassem aos ouvidos do viúvo.
- Não pode ser – Repetia para si constantemente – Essas pessoas são só um bando de invejosos. Gente que não tem metade da felicidade e do amor que tínhamos juntos.
Quando levou o caso a seu melhor e mais fiel amigo, o Ribeiro, uma única palavra, antes do gole de cerveja, foi suficiente para deixar a cabeça de Feitosa cheio de pensamentos indesejados.
- Será?
O gole que seguiu foi amargo e desceu com dificuldade.
Poderia ser verdade? Claro que não, Fernanda era pura e fiel, me amava como ninguém. Além disso, ela sabia que se me traísse eu enfiaria uma bala entre seus olhos.
Era nisso que Feitosa se segurava para não enlouquecer de vez.
Quanto mais o tempo passava, porém, mais era difícil se lembrar do quanto Fernanda era boa esposa e, com todo aquele burburinho, de repente as lembranças ruins se tornaram mais frequentes.
- Estão acabando com a imagem de minha querida esposa – Dizia enraivecido quando ouvia algo sobre ela. Em seu íntimo, se roía de dúvida.
Ribeiro tentava ajuda-lo, mas sem levar muito jeito para a coisa.
- Fique calmo, amigo. Essas pessoas não sabem o que dizem. Vá ler um livro para esfriar a cabeça, que com certeza suas angústias vão passar.
Feitosa concordou.
- Tem algum bom livro para me indicar.
- Claro – Disse – Que tal Dom casmurro?

A busca insana

- Maldito – Gritou Feitosa jogando o exemplar na cabeça de Ribeiro, depois de tê-lo lido três vezes no mesmo dia – Que diabo de livro é esse que só piorou as coisas?
Ribeiro arregalou os olhos:
- Me desculpe. Nunca o li, mas todos dizem que é bom.
A raiva consumia o homem, que andava de um lado para o outro nervoso.
- Quer saber? Vou investigar. Se houver algo errado, eu encontrarei.
E partiu em uma busca insana por qualquer pista de que sua amada esposa enterrada a sete palmos o havia traído.
Procurou nas roupas, algum cheiro ou gosto diferente, mas nada encontrou.
Nas correspondências, não achou nada que lhe chamasse a atenção.
Fuçou gavetas e não havia nada de diferente.
Então concluiu que em sua casa não haveria coisa alguma. Era hora de ir às ruas e conhecer os lugares que ela frequentava.
Foi à casa de amigas e de sua mãe e, discretamente, buscava alguma pista. Mas nada.
No trabalho, falou com colegas, supervisores e até com os funcionários da limpeza, mas ela nunca fizera nada fora do comum.
Então, só restava um único lugar: a yoga ao ar livre que fazia no parque todos os domingos de manhã.
E foi justamente ali que ele encontrou a sua maior pista:
- Fernanda? Quem é Fernanda? – Perguntou uma das meninas magrelas do grupo.
- Você é nova aqui?
- Não, venho todos os domingos há três anos.
Bingo! Uma mentira foi detectada.
Mas se Fernanda não ia ao yoga, para onde iria então?

Leia a parte FINAL em [Pecados e Tragédias] #6 - Homem de palavra (Parte FINAL) 

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