[Pecados e Tragédias] #3 - Imaculada (Parte 2)





O tempo

Os meses passaram e os dois, Clarice e Nando, ainda mantinham sua promessa. Beijavam-se sem parar toda vez que se viam, mas não passava disso.
Entretanto, não demorou até que um outro medo invadisse o coração da jovem e inocente menina.
- Mamãe – Disse ela – estamos cumprindo nossa promessa
- Excelente minha filha, continue assim e você se manterá uma mulher de respeito.
- Mas mãe...
E contou tudo. O fato era que Nando estava cumprindo muito bem o acordo. Bem até demais.
- E se ele não estiver mais interessado em mim?
Dona Júlia afastou este pensamento da cabeça da filha.
- Clarice, escute com atenção: para um homem, nada melhor do que o novo. O desejo está lá, mas está guardado para sair quando for a hora certa. Entregar-se agora o faria rapidamente perder o interesse.
- Tem certeza Mamãe? – Perguntava em dúvidas.
- Eu sempre tenho certeza, minha filha.
Infelizmente, Clarice não sentia o mesmo.

Tentação

O fato era que tal medo somente surgira na cabeça de Clarice por que tinha a si como exemplo. Os beijos eram ardentes e a fazia perder o ar. A tentação de romper com a promessa era grande demais, mas Nando sempre alertava:
- Se sua mãe disse para não fazermos nada, então não faremos, entendeu? – Dizia.
Para Clarice, aquilo era certo como dois mais dois são quatro, porém, isso não a impedia de sentir um desejo vistoso por seu namorado.
Ela não entendia como ele conseguia controlar-se tão facilmente, se para ela era tão difícil. Foi este o motivo do medo de não ser mais desejada. Cada dia parecia mais difícil de aguentar que o anterior.
E não demorou até vir a pressa em finalmente se casar.
Nando afastava a ideia com veemência, usando argumentos repletos de palavras como “jovens”, “cedo”, “dinheiro” e “casa”.
O desespero de Clarice somente aumentava ao ouvir suas amigas comentando sobre as experiências que tiveram com seus próprios namorados.
E todas pareciam delirar com as histórias cheias de volúpia que rondavam os banheiros femininos. Eram tantas que se poderia escrever um livro.
Diariamente, Clarice passou a confirmar a validade da promessa com Dona Júlia, sem nunca ousar propor algo diferente.
- Ainda devo manter-me imaculada, Mãe?
Sem nunca hesitar, ela respondia:
- Como um anjo. Como um anjo.

Continua em [Pecados e Tragédias] #3 - Imaculada (Parte 1)

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