[Seja escritor] #2 - Tirando uma história da cabeça



Entre uma história na cabeça e uma história no papel existe um buraco muito grande. A ponte que te leva de um lado a outro se chama dedicação.

Costumo dizer que escrever um livro respeita uma lógica 10-30-60:
10% inspiração, 30% preparação, 60% transpiração.

Inspiração é aquela história que surge na sua cabeça, que tem potencial para se transformar em algo muito interessante. É a vontade de falar sobre algo e de expressar determinados sentimentos.
Um poeta apaixonado fala de como seu rosto fica quente ao ver sua amada, as mãos suadas de ansiedade para vê-la novamente, de como o sol parece brilhar mais forte quando sua musa está por perto.
A inspiração pode vir das mais diversas formas: com os próprios sentimentos, sentimentos de outras pessoas, sentimentos idealizados, músicas, filmes, observação de pessoas anônimas.
Cada autor encontra em diferentes fontes os elementos necessários para constituir sua história.

Preparação é o conhecimento da técnica. O domínio da língua e das ferramentas que o idioma te proporciona. É a leitura e organização do seu pensamento em uma linha lógica que vai costurar aquele conjunto de ideias em uma história única.
O mesmo poeta apaixonado pode sentir o maior de todos os amores, porém, se não conseguir encontrar as palavras corretas para expressá-la, seu amor permanecerá exclusivo a ele.
Os leitores não sentiram, viram ou experimentaram a mesma coisa que o autor, logo, existe o desafio de, com palavras, tentar reproduzir aquilo no coração de quem o lê.

Transpiração é a nobre arte de sentar em uma cadeira durante incontáveis dias e simplesmente... escrever. Pode parecer a mais simples das tarefas, mas é aqui que a maioria das pessoas encontra a barreira intransponível.
O poeta apaixonado pode sentir amor e saber como expressar este amor através de palavras, porém, enquanto não o transpor para o papel, não haverá obra alguma.
Neste ponto, o autor vai gastar várias semanas, escrevendo, relendo, reescrevendo, relendo novamente e mais uma vez reescrevendo quantas vezes for necessário.
É pouco provável que um autor se sinta 100% satisfeito com a primeira versão de seu livro. Sempre haverá pontos aqui ou ali para melhorar. Alguns usam estas releituras para espalhar aquelas pequenas pistas que você só percebe da segunda vez que lê o mesmo livro.

A geração Y (nascidos entre 1980 e 1995) tem uma particular dificuldade neste terceiro ponto. Imediatistas e interessados em conquistas de curto prazo, a maioria não tem paciência para se dedicar muitos meses a isso sem ver o resultado final. Os jovens começam a escrever uma história e logo se enjoam dela, partindo para uma outra.
Este é um forte aspecto da nossa geração, mas que temos que aprender a superá-lo se quisermos de fato finalizar a obra. Não use isso como desculpa.

Então, depois de tudo isso, se você quer ser um escritor a dica é simples: vá escrever. Comece a colocar no papel aquilo que você quer transmitir, a história que você quer contar. Comece-a e vá até o fim. Se novas ideias surgirem no caminho você pode deixar anotada para usar em outro momento.

Nos próximos posts vou entrar um pouco mais a fundo em cada um destes três pontos e como potencializá-los e driblar as dificuldades comuns.

E você? Já tentou escrever algum livro? Já começou alguma história que não conseguiu terminar? Tem ideias, mas não sabe por onde começar?
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