[Minhas criações] #67 - Preso na fronteira

Ela não se apaixona.
As vezes a fronteira é forte demais para se cruzar e talvez nem valha a pena tentar. Mas também, talvez, seja o desafio de domar este animal sentimental que torna tudo tão intenso.
Vontade louca de tê-la comigo, sendo minha. Toda minha.
Ela me enlouquece, me deixa no limite, a um passo do objeto de desejo. Que, por acaso ou não, nunca chega.
E as poucos ela se torna luz. Luz intensa. Luz da minha vida.
Daquelas que queimam como uma labareda cravada em minha carne.
Como pecado. Como alma.
Uma régua mais baixa e uma meia soquete a faria ser a ninfeta de outrora.
E isso mexe comigo.
Mexe mais do que eu posso compreender neste momento e talvez em todos os outros momentos que eu possa viver.
Por que quando olho pra frente, vejo tempestade. Uma tempestade castanha, como seus olhos escorregadios. Que fogem dos meus com a mesma facilidade que os encontra.
Tempestade que, incrivelmente, não tememos.
Porque ela sim se apega facilmente ao que desperta o seu desejo, a primeira vista, a última vista, às vistas de todo o sempre.
Como uma garotinha, sozinha no seu mundinho, sonhando com uma casinha para si. Coberta de livros de amor doentio.
Que a torna frágil e cheia de sonhos não sonhados.
Ela se entrega, imprudente, fazendo ecoar suas várias vozes.
Preso na fronteira do impossível, com super poderes que nos controlam.
Na fronteira da sanidade, que a fazem estar
irrevogavelmente e incondicionalmente apaixonada.

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