[Falando sobre livros] #9 - A confissão

  • Editora: Rocco
  • Autor: FLAVIO CARNEIRO
  • ISBN: 8532520634
  • Origem: Nacional
  • Ano: 2006
  • Edição: 1
  • Número de páginas: 235
  • Acabamento: Brochura
  • Formato: Médio
Uma busca frenética em que prazer e morte servem como meios para um homem aparentemente comum restaurar as rédeas de sua própria vida.
O romance é narrado por um homem que seqüestra uma mulher e a leva para uma casa numa praia deserta. Ali, ele a amarra a uma poltrona e diz que precisa lhe contar uma longa história. Aos poucos, vamos sabendo que se trata de uma história de amor, medo e muitas surpresas, na qual a mulher seqüestrada desempenha um importante, e inusitado, papel.   
Em A confissão, Flávio Carneiro retorna ao fantástico (tão presente em seu primeiro livro), escrevendo cada palavra sobre a linha finíssima que separa sanidade e loucura, realidade e fantasia.
O narrador, anônimo, é um homem com muitas histórias para contar. Na impossibilidade de narrá-las todas, vai recortando cenas e montando-as num relato sinuoso, labiríntico, dentro do qual cada aparente desfecho é apenas a porta de entrada para uma nova história. O leitor acompanha passo a passo as aventuras deste sedutor um tanto atípico, que parece querer ao mesmo tempo atrair e amedrontar a mulher que tem diante de si.
E assim como a mulher ouve com ansiedade o relato de seu seqüestrador - querendo saber, afinal, por que está naquela casa e qual o seu destino -, também o leitor é, de certa forma, capturado.
Com um ritmo ágil, A confissão transporta o leitor para dentro da mente de um homem atormentado, sedento por retomar o controle de suas próprias experiências. De sua tentativa, resulta um romance forte, delicado, surpreendente.     



O que eu acho sobre o livro?

Lendo A confissão, você tem imagens difusas de lugares e pessoas na sua cabeça. As descrições feitas são muito relacionadas ao critério do personagem (o que não é nada ruim), fornecendo detalhes insuficientes para gerar uma imagem perfeita, porém, estimulando a imaginação. Em determinados pontos é possível envolver-se nas palavras e criar o ambiente completo em sua cabeça, mesmo com o foco sendo somente o personagem. De um modo geral, gostei.

Linguagem riquíssima e afiada. Um jeito único de escrever que cativa a cada frase. Os poucos pontos tornam a narrativa muito rápida e o excesso de vírgulas modifica o tom dos períodos do início ao fim. É sensacional a forma como as histórias vão sendo costuradas e resgatadas uma a uma e aos poucos. Gostei muito!

O livro requer atenção, porém, a trama te faz beber cada informação e sentir sede pela informação seguinte. Pra quem gosta de livros é uma leitura muito fácil, não por ser simples, mas por ser atrativa, bem escrita, com um enredo bem elaborado e com uma cronologia que te deixa bastante curioso. Em nenhum momento você sente cansaço ou vontade de largar o livro.

De forma geral, o livro me pareceu bastante verossímel. Tirando alguns fatos isolados e bastante pontuais, o livro apresenta um tema fantástico de forma a garantir que não seja algo simplesmente natural e sem explicação, dentro do contexto apresentado ao longo do livro. Gosto quando as coisas são apresentadas de forma sutil, porém, surpreendente e Flávio Carneiro fez isso muito bem neste livro.

O enredo é bastante original e a forma como ele é narrado também. De certa forma, me atraem estes livros que te apresentam um nova realidade dentro de um contexto tão usual e comum. Cada pequena história narrada por ele parece um pequeno conto cujo fim representa o início do conto seguinte. O entrelace destes contos toma forma e nos apresenta um enredo rico (ou diversificado), mas que mantém uma linha única unindo todos eles. Vale a pena

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